terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A LIBERDADE É UMA ABSTRACÇÃO



Imagem do Google

         Não há volta a dar-lhe. A liberdade é uma abstracção. Tanto mais, quanto mais dela se fala. Já repararam na dificuldade, quando não na absoluta impossibilidade de nos referirmos à “Liberdade” enquanto realidade sensível?! Sim, o que é, afinal, a liberdade enquanto realidade sensível?! Tal representação palpável não existe, de facto. Pode existir, contudo, no domínio dos conceitos, das ideias; muito embora, neste caso, se verifique uma clivagem mental de certos elementos constituintes de determinada entidade complexa, não abarcando, portanto, na totalidade, a sua base material.

            Não é por isso, contudo, que a liberdade pode correr o risco de ser escamoteada dos desejos, das preocupações, dos sonhos mais prementes do ser humano. Tal desiderato colaca-se hoje, mais do que nunca, devido à escalada da violência interétnica, da ameaça global da alta finança, do espectro dos novos imperialismos, da renovada corrida aos armamentos de destruição massiva. Tudo isto traz à memória colectiva, as duas últimas guerras globais e as respectivas causas económicas, políticas e sociais que as precipitaram. Vivia-se, nesses tempos, sob a égide da rigidez educacional, da intolerância religiosa, da sofreguidão económica, do abuso de poder, da estratificação social.

         Importaria, agora, que a Educação seguisse novos rumos, privilegiasse renovadas e criativas opções, enveredasse pelos refrescantes caminhos da decência pedagógica, da liberdade relacional ancorada em aprendizagens significativas, no âmbito de um enquadramento sustentado no pleno conhecimento das várias etapas da psicologia do desenvolvimento. Nada disto se passa. A (des)educação continua a alicerçar personalidades ignorantes, patéticas, indesejáveis, doentias, potencialmente sado-masoquistas. A sociedade continua a enfermar de várias epidemias psíquicas – basta estar atento à comunicação social.


       A falta de liberdade, de coerência, de equilíbrio psicopedagógico, de sentido prático e de efectiva e funcional harmonia didáctica, configurada pelo ancilosamento das estruturas de ensino/aprendizagem (agrupamentos, inconsistência curricular, deriva psicopedagógica) não favorecem: nem o conhecimento, nem o crescimento mental, nem a maturidade do carácter das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Ai de quem ignora a fase mágica do desenvolvimento infantil. É que vai sendo tudo cada vez menos diferenciado, poético e simbólico, porque se combate, tacitamente (ou não), os sentimentos mais profundos das crianças, as sensações mais legítimas dos adolescentes e os pensamentos mais criativos dos jovens. E não é que os alunos são um extraordinário radar?! Eles vão crescer absorvendo instintivamente tudo o que de pior lhes oferece a educação e os adultos a ela ligados (consciente e inconscientemente), crescendo na perversidade, mas regredindo dissociativamente para o infantilismo, sem apelo nem agravo. Nem por isso se sentirão mais livres e felizes no seu dia-a-dia. Antes pelo contrário!

Sem comentários:

Enviar um comentário