sábado, 8 de outubro de 2016

LEGADOS CONCEPTUAIS DE PIAGET




Jean Piaget - imagem do Google



    Jean Piaget (1896-1980) dedicou praticamente toda a sua vida ao estudo do desenvolvimento mental da criança, desde o nascimento até ao limiar do estado adulto. Curiosamente, muitas das experiências que teve ocasião de concretizar, no sentido de fundamentar os seus pontos de vista, ocorreram precisamente com o contributo dos seus próprios filhos, em função das idades dos mesmos.

            No âmbito da sua vasta e complexa bibliografia, uma das obras mais importantes e conhecidas terá sido, provavelmente, os “Seis Estudos de Psicologia”, colectânea de artigos e conferências reunidos numa edição publicada pela primeira vez em 1964.

   Mas vamos à síntese possível das suas mais proeminentes descobertas: segundo Piaget, a criança desenvolve-se num continuum evolutivo que procura dotar o corpo e a mente do equilíbrio harmónico necessário em cada momento da vida. Pois bem, tudo isto se passa através da satisfação dos interesses e das necessidades infantis, sempre que o indivíduo incorpora as pessoas e as coisas na sua actividade própria de sujeito – “assimilação”, sendo esta reajustada às estruturas previamente construídas, e, em função das transformações ocorridas, gera a “acomodação” aos objectos externos; desta forma, a criança prepara-se para a percepção do antes e do depois com vista a antecipar as transformações futuras. É no decurso destes três estádios estruturais: reflexos, organização das percepções e hábitos e inteligência sensório-motora que, até aos dois anos, grosso modo, a criança vai assumindo a crescente integralidade do seu próprio corpo, descentrando-se dos outros, a caminho da linguagem e do pensamento autonomizado.

     Refira-se ainda que, durante o primeiro ano de vida, a consciência reveste um “egocentrismo inconsciente e integral”, nas palavras de Piaget, ao mesmo tempo que a inteligência sensório-motora vai edificando um universo objectivo que reporta duas realidades oponíveis: a interior e a exterior. Em dois anos constroem-se as categorias de objecto e de espaço, causalidade e tempo, ainda que em termos de pura acção não conceptualizada, a caminho da “escolha objectal”: da mãe, do pai a seguir, e dos restantes membros da família, onde intervem o “quantum de afecto” a redimensionar os afectos e a inteligência; Dos 2 anos aos 7 as acções ligadas ao sujeito passam a ser interiorizadas num quadro intuitivo das imagens e das “experiências mentais” (CONTINUA)

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