sábado, 16 de julho de 2016

ESTADO NOVO E RESISTÊNCIA - Capítulo VII - A Década de 19(40)


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         Conforme ficou já escrito, a religião católica foi aquela pela qual Salazar optou, não só para si próprio mas também para todo o Império. Nesta conformidade, e também segundo a Concordata, quem casasse pela Igreja fá-lo-ia uma só vez na vida, não podendo portanto divorciar-se.

            Nas colónias passa a vigorar o chamado “Acordo Missionário”, que passaria a regular as relações entre a Igreja e o Estado, ficando o ensino dos indígenas confinado aos missionários. É curioso que estes acordos são firmados, não obstante a negação da existência de uma religião oficial do Estado, expressa na letra da Constituição de 1933.

            Assinale-se também o seguinte facto marcante da política e estratégia Salazarista: em 1940, depois de ter gerido ao longo de doze anos a pasta das Finanças, deixou finalmente o cargo.

            Com o prosseguimento da Segunda Guerra Mundial, as dificuldades que se iam deparando ao regime, e principalmente às massas populares, agravavam-se de dia para dia, quer através da fome, cada vez mais generalizada, por força da escassez de víveres e mantimentos, quer ainda, e por consequência directa de tal estado de coisas, devido aos altíssimos preços que chegavam a atingir os bens de consumo alimentar no mercado negro, face à insignificância dos salários de miséria auferidos pelos portugueses que detinham emprego. A partir desta realidade, os trabalhadores enveredam por acções de luta, nomeadamente organizando marchas de fome, imediatamente reprimidas.

            A muitos dos opositores do regime, aguardava-os um destino cruel e distante, no campo de concentração do Tarrafal. Eles eram cada vez mais. No decurso do ano de 1941, o dirigente sindicalista Mário Castelhano e o operário do Arsenal da Marinha, de Lisboa, Bento Gonçalves, também secretário-geral do Partido Comunista Português, desde 1928, chegam ao fim dos seus dias no fatídico campo do Tarrafal.

            Enquanto a Segunda Grande Guerra Mundial vai prosseguindo a sua senda destruidora, Salazar, até 1944, aproveita para ir exportando volfrâmio para a Alemanha, para a máquina de guerra do ditador nazi.

            Nos anos de 1942, 1943, 1944 verificam-se novas greves que chegam a mobilizar milhares e milhares de operários da cintura industrial de Lisboa e do Ribatejo. Perante tal movimentação de trabalhadores, o Governo responde com as forças policiais, procedendo, uma vez mais, a um sem número de prisões e ao encerramento de algumas fábricas durante meses, atulhando as cadeias e as praças de touros de Lisboa e de Vila Franca de Xira. Finalmente, com a derrota de Hitler e do nazismo, o regime intitula-se de “democracia orgânica”, não deixando de decretar, no entanto, luto pela alegada morte do ditador.

            Recuemos ainda ao ano de 1943, para lembrar a criação do Movimento da Unidade Antifascista (MUNAF), liderado por esse político, de rara visão para a época, que foi o general Norton de Matos. Também ele tentaria avançar com uma revolta militar, logo após o termo da Guerra, mas tal intento nunca se viria a concretizar.

            Em seguida Salazar dissolve a “Assembleia Nacional”, marca eleições para deputados, dando assim hipóteses, após vinte anos, à Oposição de participar de forma legitimada e legal na vida política do país. Forma-se, então, o “MUD” ( Movimento de Unidade Democrática) que tem a adesão de milhares de democratas. Através de medidas de sabotagem ordenadas pelo ditador, as eleições acabam por se transformar numa lamentável farsa, sendo a oposição obrigada a desistir. Na sequência de tudo isto voltam a encher-se as prisões, a intensificar-se a censura, a organizar-se a “PIDE” segundo métodos nazis.

            Em 1946 forma-se o “MUD juvenil”. As reivindicações operárias aumentam levando o Governo a reagir através da intensificação da repressão. Na cidade do Porto estala uma revolta militar. Henrique Galvão apresenta um relatório sobre o problema colonial, denunciando a exploração do negro e a estagnação dos territórios africanos sob administração portuguesa… É preso.

            Em 1949 verifica-se a realização de eleições e o “MUD” propõe, pela Oposição, Norton de Matos, de resto profundo conhecedor de Angola onde introduzira inovações administrativas de monta. Devido a dificuldades impostas pelo regime, acaba por retirar a sua candidatura. Nesta conformidade, uma vez mais, Carmona é eleito Presidente da República.

            Portugal ingressa no conjunto dos países da “OTAN” e passa a permitir a instalação de bases estrangeiras no seu território. Com o fim do conflito mundial, o nosso país viria a beneficiar de uma indemnização de guerra no valor de 51,3 milhões de dólares.

            Anticonstitucionalmente, o regime promulga “medidas de segurança”, que se traduzem em prisão perpétua para certos opositores à política reinante.

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