domingo, 5 de junho de 2016

ESTADO NOVO E RESISTÊNCIA - Capítulo II - O Convite do Coronel




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     No decorrer do ano de 1928, dois anos depois do movimento sucedido de Gomes da Costa, têm lugar as eleições presidenciais, onde é eleito Presidente da República de Portugal o General Carmona, de resto candidato único das forças no poder.

            Por ocasião da formação do governo, o Coronel Vicente de Freitas convida para a pasta das Finanças o Dr. António de Oliveira Salazar, ex-seminarista, ex-secretário-geral do Centro Académico da Democracia Cristã de Coimbra, monárquico simpatizante, suspeito de conspirar contra a República em 1919, duas vezes candidato católico ao Parlamento e professor da Universidade de Coimbra. Salazar, embora jovem, possuía já um "curriculum" rico e polémico.

            Oliveira Salazar aceitou então o convite que lhe tinha sido dirigido pelo Coronel Vicente de Freitas, para a pasta das Finanças, mostrando-se, desde logo, firme, seguro e determinado na tarefa que se propunha levar a cabo, exigindo o direito de veto sobre quaisquer despesas públicas.

            Nos dias 20 e 21 de Julho de 1928, a Resistência enceta algumas iniciativas de rebelião, nomeadamente através de alguns elementos de Caçadores n.º 7 e Artilharia aquartelados no Castelo de S. Jorge, em Lisboa, tendo, na altura, aderido também Setúbal e Entroncamento, juntamente com civis armados, atacando as sedes de algumas unidades militares.
           
         O titular da pasta das Finanças não admite veleidades; nem reivindicações; nem partidos. O Governo deverá contar apenas com a burguesia, com vista à sua estruturação, procurando criar um "ESTADO NOVO" e forte. Nesta medida, o seu principal mentor defende o nacionalismo, perfilhando ideias de Charles Maurras que, por sua vez, inspirara também Benito Mussollini.

            No ano de 1930, é publicado o "Acto Colonial" onde se repudia vivamente a descentralização administrativa das colónias. O "Estado Novo" cria seguidamente a "União Nacional", que é anunciada ao País como sendo uma "associação política" onde todos podem ter lugar independentemente das suas opções político-ideológicas, desde que apologistas e defensores da ordem cívica e dos "princípios consignados pelo Governo".

        A Resistência não desarma e, no ano de 1931, apercebendo-se das reais intenções do Governo, leva a cabo levantamentos militares que se estendem ao longo de quatro semanas, na pessoa de vários oficiais que tinham sido deportados para a Madeira, Açores e Guiné.

         A "União Nacional", que era afinal o partido do Governo, passa também a ser alvo de manifestações em Lisboa, bem como de atentados à bomba. Os quartéis de “Metralhadoras n.º 1” e “Artilharia n.º 3”, meses depois, são ocupados por oficiais revoltosos, aos quais se juntaram vários civis armados.

          Quem se opõe também ao novo regime que começava já a criar raízes firmes é a "Aliança Republicana Socialista", através do seu corpo directivo constituído pelos já então notórios General Norton de Matos, Almirante Cabeçadas e Tito de Morais. Pretendem, afinal, que o Presidente da República reconheça o partido e lhe seja permitido participar na vida política oficial. Tudo em vão, no entanto.

     É ainda durante este ano que se publica o primeiro número do jornal "Avante", órgão central do “Partido Comunista Português”, instituição criada em 1921 e na clandestinidade desde 1926. (Continua)

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