domingo, 15 de novembro de 2015

NECESSIDADE VS DESEJO



Imagem do Google in esoterikha.com

             No teatro da vida, o comportamento do indivíduo pauta-se, segundo os entendidos na matéria, por um conjunto de pressupostos que passam pela atenção, pelo interesse, pelo desejo e pela acção. Repare-se que, neste conjunto de características, não figura a mais importante, aquela que é mais forte do que a atenção, o interesse, o desejo ou a acção, isto é, a(s) necessidade(s), a inelutável satisfação das necessidades básicas vitais. Logo, antes de qualquer outra marca comportamental inerente ao ser humano, deve figurar a necessidade.

        Criativa e curiosamente, Abraham Maslow (1908-1970), no âmbito dos seus estudos e investigações, formulou a interessante Teoria das Necessidades, que viria a estruturar sob a forma de Pirâmide de conceitos hierarquizados. Contestá-la-emos apenas sob o ponto de vista de uma certa generalização conceptual. Já lá iremos.

     De acordo com a Pirâmide de escalonamento de necessidades da criatura humana, proposta por Maslow, as necessidades fisiológicas básicas são as mais fortes e insubstituíveis, logo seguidas pelas necessidades de segurança, de pertença, de estima e, finalmente, encimadas pelas necessidades de realização pessoal e social. Evidentemente que esta progressão hierárquica nem sempre se verifica com total rigor e escalonamento.

           Nesta base, o indivíduo procura orientar-se no sentido da realização dos seus imperativos mais prementes e acutilantes (fisiologia e segurança). É que, sem a sua satisfação, os resultados seriam irreversíveis e desastrosos, senão mesmo fatais. Está fora de questão: não comer, não beber, não respirar, não defecar, não urinar, não usufruir da segurança mínima à manutenção da vida; estas são, efectivamente, necessidades que urge satisfazer no dia-a-dia.  

     É chegada agora a altura de fazer referência à generalização conceptual, no âmbito da qual Maslow ergueu a sua pirâmide: para este autor são tudo necessidades, quer se trate de fisiológicas, de segurança, de socialização, de estima ou de auto-realização. Já nós ousamos estabelecer uma diferenciação de fundo entre necessidades – as fisiológicas e as de segurança, e desejos – os de socialização, de estima ou de auto-realização, que são apenas votos, apelos, aspirações ou ambições.

      Freud chamou-nos a atenção para esta dualidade, quando designou o desejo como sendo um voto ou apelo (Wunsch), nunca uma estrita necessidade. A necessidade é individual, primitiva e silenciosa e exige satisfação sistematizada; o desejo é social e ambrangente, porque é verbalizado, dirigido ao outro e passível de ser aceite ou não, podendo, portanto, ser ou não concretizada a sua satisfação.




1 comentário:

  1. Você, meu amigo, é mesmo um homem de muitas leituras. Gosto sempre de o ler. Interessante esta "Teoria das necessidades".
    Um beijo.

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