sexta-feira, 30 de outubro de 2015

SEXO NA ESCOLA



       Na nossa modesta opinião, a temática do sexo e da sexualidade é tão mais fundamental para a formação e educação de crianças e jovens, quão menos preconceitos de base, por parte do ministério da Educação, se fizerem sentir, evitando dessa forma todo um conjunto de dificuldades na abordagem do fenómeno. Este, tem de ser visto, necessariamente, no âmbito de um perfeito espírito de clarividência e espontaneidade, através de conteúdos programáticos, não enclausurados numa disciplina, propositadamente criada para o efeito. Pelo contrário, tudo deve ser tratado com a normal naturalidade que decorre da facilidade com que se pode lançar mão, em devido tempo, de vários textos de apoio escritos e ilustrados, criteriosamente elaborados por entendidos na matéria, “power points”, mapas, filmes, etc., proporcionando o seu esclarecimento e  leccionação, de forma transversal, curricular, interdisciplinar, integrando, quando muito, uma nova “área curricular não disciplinar”. O carro não deve ser colocado nunca à frente dos bois, pelo que a informação só deve ser disponibilizada na medida da curiosidade das crianças.

            Para quem reivindica uma nova disciplina para o ensino obrigatório, abarcando a problemática do sexo e da sexualidade, pergunta-se se não seria também pertinente criar novas disciplinas versando a educação respiratória, a educação cardíaca e circulatória, a educação urinária, a educação digestiva, e por aí adiante?!...

            Não podemos continuar a meter a cabeça na areia como faz a avestruz, nem a tapar o sol com a peneira, fingindo que não somos todos dotados de um sexo que nos diferencia e completa, relativamente aos indivíduos do sexo oposto. Quantas vezes não temos sido capazes de enfrentar os naturais desafios do sexo e acabamos por nos comportar de maneira compensatória: com nervosismo, com rubor, desajeitadamente, com suores frios e medos inexplicáveis?! Ou, então, agindo como as mulheres do solheiro, apontando o dedo aos outros sem um mínimo de critério, ou arvorando uma curiosidade mórbida, voyeurista, doentia e ordinária.

            Tudo isto acontece, claro, porque para trás, na nossa história de vida (a timidez é um dos primeiros sinais da neurose que o sexo tece, e pode ocorrer precocemente), ficaram imensos anos de mentiras, de mistificações, de silêncios e muita, muita ignorância que acaba por colocar o sexo e a sexualidade num perigoso e vegetativo estado de hibernação.


            Tal estado de hibernação artificial faz desencadear uma enorme série de “cios”  que se repetem de forma descontrolada e imprevisível, uma vez que os indivíduos que assim foram (des)educados enfermam, quer queiramos quer não, de um acutilante erotismo larvar, propiciador de uma instintiva curiosidade mórbida que não é saciada nunca. Esta, lança a criança, o jovem ou o adulto num terrível desequilíbrio e desorientação psico-afectivos, mesclados de uma acabrunhante e culposa conflitualidade interior.
NOTA: Imagem do Google

2 comentários:

  1. Mais uma vez um texto muito lúcido, amigo. A imagem é bem elucidativa da forma simples como as crianças encaram as coisas. " Tudo deve ser tratado com a normal naturalidade". Concordo.
    Um beijo.

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  2. Um texto muito elucidativo ... estou totalmente de acordo. É importante promover diálogos á medida de cada necessidade... tudo deve ser feito com total normalidade e naturalidade, (difícil... tendo em conta a sociedade em vivemos) também considero que a escola seja um “instrumento “ muito importante na ajuda a este tema, ( palestras, convívios, etc) tal como outros tão ou mais importantes, mas é sem dúvida no seio familiar que tudo começa e este sim, com fortes responsabilidades educativas e informativas.
    Beijinho, Poeta. Até para a semana noutro hemisfério e noutro continente.

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