segunda-feira, 30 de junho de 2014

MAGIA

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Dá-me o sol ouro verde desse olhar
meu farol aceso na madrugada 
vem pura como a neve imaculada
na minha alma sempre vais morar

És campo de milho pomar frescura 
és rio mar meu anjo redentor 
galáctico por ti é meu amor 
cadinho incandescente de ternura

São de dor os hiatos temporais 
ausências tenebrosas por demais
não vens falta-me o ar por que respiro

Se chegas apagas a luz do dia 
envolto em doce manto de magia 
solta meu coração louco suspiro

sábado, 28 de junho de 2014

DE PERNAS PARA O AR

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O Sistema Educativo, para já não falar do Sistema de Justiça e do Sistema de Saúde, reflecte, tal como os dois sistemas a seguir nomeados, a possibilidade de evolução positiva de uma dada sociedade; mas pode, também, determinar o estado de decadência dessa mesma sociedade. É isso que se tem passado no nosso país, maioritariamente, desde o tempo de Sócrates e Lurdes Rodrigues.

O tratamento aparentemente persecutório de que têm sido alvo os professores; os salários baixos, tendo em conta as diatribes de que têm sido objecto; a perda de estatuto e de papel; as sevícias a que têm estado sujeitos: basta recordar o sistemático desinteresse dos alunos e o seu mau comportamento e total ausência de decoro, boas maneiras e noção de pertença comunitária educacional; a ignorância e falta de respeito, por parte da sociedade, cada vez mais alienada pelo supérfluo que os media espectacularizam diariamente...

Os governos têm procurado o caminho do facilitismo, diminuindo o grau de dificuldade dos curricula e dos exames nacionais, para que seja possível exibir resultados rápidos para a Europa. Assiste-se, assim, a um nível de ensino público muito baixo, à banal introdução das novas tecnologias (computador magalhães) e à completa desconsideração da figura modelar do professor. Um exemplo apenas, escandaloso e desumano, mas candente: professores com cancro, em fase terminal, obrigados a trabalhar; associações de pais demasiado intrometidas nas escolas; estas têm agora o rosto de armazéns -- lugares onde os pais despejam os filhos até as 19 horas, esperando que os docentes sejam uma extensão da parentalidade...

Mas há mais: a execrável violência dentro das salas de aula, que passa impune, logo, sem consequências. Repare-se ainda: os professores de escolas de bairro com maus resultados escolares são os mesmos que dão explicações aos filhos dos ricos que frequentam colégios privados e que demonstram bons resultados anuais! Por último, embora pudesse continuar... A avaliação dos professores e  a burocratização do sistema torna tudo pior, obrigando os docentes a fazer o impensável, isto é, tudo o mais, menos E-N-S-I-N-A-R, que é aquilo para que estão efectivamente habilitados. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

PRECE

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Tu sorris como um sol que resplandece
déjà-vu cem mil vezes renovado
desperta arquétipo sempre sonhado
ouve luz esmeralda a minha prece

Deixa-me ser só eu o teu império
força de vida amor e sedução
sempre pura divina e sem traição
envolve-me em teu manto de mistério

E seguindo na senda da verdade
vem sem lugar sem tempo sem idade
Romeu e Julieta são "história"

Já tudo o mais se perde na matéria
com o tempo tornada vil miséria
amor somos nós dois reza a memória

domingo, 22 de junho de 2014

CHILREIO DE ANDORINHA



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Eu sei que sou só teu de mais ninguém
tu já soubeste um dia ser só minha
então bebemos o néctar da vinha
que fora semeada no além

Ao chegares prendeste-me como alguém
que trouxe no seu porte de rainha
novo alento à minha alma sozinha
beleza que no mundo ninguém tem

No teu corpo a Primavera continha
o encanto do chilreio de andorinha
o perfume do teu ventre de flor

Sinto no peito a chaga da loucura
esta dor de ficar sem sepultura
se não vens procurar-me meu amor

domingo, 15 de junho de 2014

CONTEMPLAÇÃO

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Fito em ti o meu olhar
e o tempo devagar
cessa todos os delírios

Bebo em ti a seiva pura
como se o fim da tortura
que se derrete nos círios
fosse luz ou sinecura

Nos teus braços de infinito
quebro as grilhetas do medo
desenhando no meu grito
as sombras do teu degredo
os brilhos com que te cito

Pulsam febris emoções
nos teus seios à deriva
voam nos céus ilusões
no atar da  recidiva
como se meras paixões
dessem sentido à vida...



quarta-feira, 4 de junho de 2014

PENITÊNCIA DO MEDO



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Acolhes o medo em alvoroço
nos despojos do Sol que se apaga
na praga das cismas e das cinzas
que te fazem supor castigos e canseiras
e tragédias que o pesadelo encarna
nos dias soturnos tecidos de pressentimento

O amor é sempre uma construção
uma luta uma vitória
a harmonia dos contrários 
a malha que tece o ser
a remissão da alma para lá dos instintos

O amor que me ensinaste permanece
suspenso como um pássaro de bruma
sobre o mar estagnado do tempo
pronto a aniquilar a penitência do medo

terça-feira, 3 de junho de 2014

ILUSÓRIO HOJE

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Hoje...

Também as estrelas me falam de ti
sempre que viajas no firmamento
na luz do sonho que a noite afaga

Resplandece o Sol do teu sorriso
auroras e crepúsculos
e zénites de pujança natural
na lava incandescente dos sentidos

É de noite que chegas
envolta no fogo cósmico da paixão

E é de noite que parto
tentando só por ti
resgatar a ilusão

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O FUTURO ESTÁ NA HORA

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Dizía-nos, há dias, com a desolação estampada no rosto, um conhecido nosso, com quem, amiúde, costumamos conversar, desde há largos anos a esta parte, principalmente sobre política, que está cansado, farto, saturado, irritado mesmo, de/por andar a ouvir desde a sua tenra idade, que é necessário, indispensável, fundamental fazer sacrifícios, porque a vida sempre esteve, está e, se calhar, estará, «sine die», pela hora da morte.

O cidadão a quem fazemos alusão, diga-se de passagem, terá sido sempre (garantia sua) um fervoroso defensor do partido rosa, muito embora tenha sido levado pelos pais, ainda muito criança, para as distantes paragens onde aportou, em 1482, o navegador português Diogo Cão. Depois do Tratado de Alvor, que viria a precipitar a fratricida, devastadora, e aflitivamente longa guerra civil em Angola, o nosso amigo viu-se obrigado a se refugiar no seu país de origem, isto é, em Portugal.

Dizía-nos, há dias, com a desolação estampada no rosto, que passará a votar em branco, para que saibam que não dará nunca mais, nem a certeza, nem o benefício da dúvida, a nenhuma cor partidária, afirmando, reafirmando e confirmando, desta maneira, uma espécie de daltonismo político-partidário que, em termos de resposta face ao comportamento dos mentores desta democracia que há quarenta anos nos empurra para o abismo, se lhe afiguram desprovidos de qualquer coloração mais ou menos viva, mais ou menos equilibrada, mais ou menos esperançosa.

Enfim! Nunca fomos tão radicais como este nosso conhecido. Nem na hora frenética ou épica (assim parecia) das vitórias rosa; nem na altura que propiciou os festivos e inebriantes cortejos laranja; nem ultimamente, no actual enquadramento de brilhos incansavelmente reflectidos numa multiplicidade de espelhos que se vão deslocando, sempre no encalço de luzes artificialmente criadas. É que somos dotados dum natural optimismo sensato, que nos leva a afirmar agora, mais do que nunca, de que O FUTURO ESTÁ NA HORA!

Permitam-nos, então, o seguinte raciocínio... de leigo na matéria, naturalmente. Goradas que estão todas as morosas e difíceis conquistas do operariado ocidental, conseguidas ao longo do século XX, face aquilo que viria a ser designado por globalização, caracterizada esta pelo implacável avanço concorrencial da atabalhoada e pouco criteriosa força de trabalho dos países ditos emergentes que, afinal, exploram uma mal disfarçada escravatura, vá de nivelar tudo por baixo, cruzar os braços, ceder, acabando por dar, no fundo, uma imagem de impotência, de incapacidade e incompetência que os outros cada vez mais aproveitam, neste atribulado início do terceiro milénio.

«Anestesiados» face ao elevado preço do crude -- que responde assim à desvalorização do dólar -- que a Europa paga em euros super valorizados - o que nem é tão mau quanto isso -, neste particular, os líderes (?!) comunitários estão mais preocupados com a inflação do que com a fome, com o desemprego ou com a desagregação social. De qualquer maneira, o adormecimento da economia e, cá dentro, as subtracções operadas pelo executivo, nos parcos proventos dos cidadãos, têm reduzido drasticamente o consumo, não obstante o sobreendividamento das famílias e da banca (são facas de dois gumes), o que tem conseguido manter equilibrada a balança da oferta e da procura (tem mesmo?!), apesar da alegada diminuição das reservas petrolíferas... Bem! Angola, Brasil e Venezuela têm descoberto novos poços. Enfim! Tanta especulação só pode ser isso mesmo. Se a vida se faz já em «slow motion», a que se deve, afinal, a lânguida psicose dos nossos dias?! Explicar-nos-emos melhor num próximo escrito. Por agora, não esqueçamos que O FUTURO ESTÁ NA HORA.