quarta-feira, 7 de maio de 2014

MERCADOS, POLÍTICAS E PESSOAS

Imagem do Google

Num ritmo cada vez mais firme e decepcionante, vai caminhando a vida das sociedades ocidentais, no sentido da mais completa e irreversível decadência; numa toada cada vez mais monocórdica e decrépita, vai soando o dia-a-dia dos povos das nações ditas democráticas, em contextos da mais terrível ambiguidade indecifrável... lá fora; cá dentro, escuta-se a toada que advém da pauta rectangular de malabarismos inconfessáveis, cujo canto de sereia, da nossa politicazinha de algibeira, e que teima em se fazer ouvir porque, afinal, continua a haver quem lhe dê atenção, mesmo que não consiga atribuir-lhe percepção – é a população que temos... Enfim, prossegue esta insuportável, ensurdecedora sinfonia arrítmica, sem deixar de soar a falso, regida por pseudo-maestros, cuja batuta fazem gáudio em exibir, numa pose desconcertante de umbilical clave sem sol, sempre à espera dos aplausos ingénuos ou pouco esclarecidos, daqueles que, sem sentido, pouco ou nenhum uso fazem dos sentidos, para já não falar da inteligência, embotada por tanto açoite certeiro.

Parece-me ter sido este o cenário, mais ou menos inalterável, que me tem sido dado apreciar – depreciar – a partir do auditório institucional da política nacional, já lá vão décadas (!!!), sem que a população portuguesa consiga acordar da terrível modorra anestésica, em que se encontra mergulhada – os brandos costumes não explicam tudo – podendo tomar em mãos – já que de democracia se trata – o seu próprio destino, como o fez algumas vezes, com sucesso, ao longo da nossa meritória História-Pátria.

Reparem que, durante as mais recentes campanhas eleitorais, fomos comprovadamente enganados, porque nada nos foi informado, esclarecido ou elucidado, por quem o deveria ter feito, relativamente ao colapso das contas dos vários ministérios, compartimentadamente; do deve e do haver das contas públicas; da dívida externa; do montante escandaloso dos juros a pagar a quem do exterior nos financia; da barbárie dos impostos; da quebra abrupta do consumo, do comportamento das exportações; da gigantesca e avassaladora onda dos desempregados; do endividamento galopante das famílias; da fome, da miséria, da parasitagem social, política e institucional “legalmente” (?!) assistidas, etc., etc., etc..

Já repararam que, não obstante todas estas omissões, ou melhor, precisamente devido a todas estas falhas, alegadamente premeditadas (?), somos diariamente insultados, ao nível da nossa inteligência, por um bem treinado exército de jornalistas, comentadores, ex-políticos, ou seja, os já habituais colunáveis residentes da comunicação social, que teimam em nada dizer, falando sempre as mesmas atoardas, banalidades, num registo medíocre, previamente formatado, de incompetente protagonismo?! Por que razão não é banido de vez este aflitivo coro de avençados, ao serviço deste pântano putrefacto?!

Já agora, e a talho de foice, assinalemos aqui a ignorância gramatical de muitos deles: nunca acertam nas concordâncias entre os vários elementos sintagmáticos da frase; omitem por sistema o uso das formas verbais no conjuntivo; ignoram a posição do “se” quando empregam verbos reflexos; trocam a sonoridade de certas palavras no plural; abstraem-se da própria realidade quando referem “um ponto de situação”, ao invés de O ponto DA situação; quando alguém corre perigo de morte, eles referem, abstrusamente, que corre perigo de vida (?!!!), entre muitas outras coisas. Bolas, isto é demais!

5 comentários:

  1. Bem, amigo, li com toda a atenção o seu excelente texto e só posso acrescentar que o subscrevo na totalidade.
    Abraço.

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  2. Li, e ia sorrindo imaginando a tua antipatia crispada em cada bocado de raiva monocórdica, num ritmo cada vez mais depressivo, Manel.
    Neste momento só agora liguei a TV . Assim o faço todos os dias para a minha sanidade mental. Vejo um jornal para me situar neste mundo de loucos. Verifico assim se não estarei melhor um pouco...
    Gramática? Qual Gramática? Isso era dantes...Pensas que todos têm a tua capacidade e fome dela?
    Desce, e pára de voar. Ou então voemos de vez para sair deste manicómio...
    Obrigada pelas tuas palavras tão aristocráticas! Querias que eles falassem assim? Sonha...
    Aquele abração fraterno querido amigo

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  3. Querido Zé
    De facto,basta!
    Basta é a palavra que todo o português devia saber pronunciar muito bem!
    Desligar o aparelho de televisão para não dar mais ênfase a comentadores,que se aproveitam da ignorância da maioria,para simplesmente criticarem,sem trazer nenhuma ideia genial,que ponha cobro à situação lamentável em que nos encontramos.
    Um completo desnorte,principalmente no que diz respeito a alguns Ministérios que não têm a menor noção de como resolverem os mais prementes problemas.
    Mexem no que está a funcionar correcta,ente,só para dizer que fazem algo,mas estragam todo um competente trabalho de décadas!
    Basta,basta e basta!
    Parabéns pelo texto, que mostra bem o marasmo em que estamos.
    Um beijinho
    Mana

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