sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O FERO FOGO

Imagem do Google
A madrugada já vai alta. Serão talvez umas cinco horas. Não tarda muito o sol virá beijar a paisagem, de mansinho no início; depois, com a intensidade gradual característica do mês de Agosto, neste Portugal tão lindo e tão imerecidamente maltratado.

A viatura que conduzo prossegue cautelosamente, não vá o diabo tecê-las; o diabo e os automobilistas descuidados, que os há por aí aos pontapés. Subitamente, depois de desfeita uma curva mais, bem no topo da serra, por entre a densidade fresca e verdejante do arvoredo, descortino uma sumida e anémica fumaça, em espiral, subindo na atmosfera em direcção à minha raiva mal contida; contra os esforços dos soldados da paz; à revelia dos legítimos e genuínos interesses das pessoas civilizadas e da saúde já periclitante do próprio planeta.

Liguei para os bombeiros. Num ápice, a fantasmagórica criatura transformou-se num estranho rolo de formas bizarras; engrossou, tornou-se compacta e foi pairando no ar por sobre um extenso manto de labaredas impiedosas. Escassos cem metros à frente avisto mais fumaça e mais e mais, como se estivesse perante uma operação concertada por um qualquer exército de ódio, de decadência, de demência, de anarquia, de total destruição da “ditosa Pátria, minha amada”, vá-se lá saber porquê...

Tem sido este o “espectáculo” que mais vezes se tem vindo a repetir ao longo das últimas décadas, não só e principalmente no Verão mas também em qualquer outra altura do ano desde que deixe de chover. No entanto, quando chove, no Inverno, são as lamas, as pedras e os detritos das áreas ardidas que invadem as zonas habitadas e provocam o caos. Que diabo! Quando se argumenta que os incendiários são meia dúzia de mentecaptos reincidentes, será que devemos cruzar os braços e permitir que Portugal continue à mercê de atrasados mentais?! Não seria melhor, quer nesta matéria quer em tantas outras que nos têm tolhido os passos e desfeiteado a honra, que o País agisse em conformidade, de forma a obstar a tão decepcionantes e nefastos registos?!

Pois é, meus caros amigos, não me compete a mim aventar receitas, propostas, pareceres ou soluções. Os governos que comecem a governar, de uma vez por todas, que é para isso que foram eleitos...




2 comentários:

  1. Querido Zé
    Uma óptima reportagem, que é,ao mesmo tempo, um texto de intervenção!
    Pergunto:
    Temos quem nos governe???!!!
    Infelizmente,acho que sabemos a resposta:Se temos,não parece!!!
    Neste momento,muitas pessoas,no nosso país,estão já a sentir as consequências doa maus tratos infligidos ao Planeta,pois ele esta a rebelar-se.
    A maior prova dessa revolta são as ondas, os ventos,os tufões...
    Deus nos acuda!
    Parabéns! Vai apontando o dedo,pois pode ser que alguém acorde.
    Beijinhos
    Mana

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  2. Gostei de ler, caro amigo. Infelizmente, quem nos governará um dia, e a doer, será mesmo a natureza! bji

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