domingo, 4 de agosto de 2013

A VALIDADE DOS VALORES


     Até nós estamos surpreendidos com o título deste nosso escrito! Não é que quando se aborda, nos dias que correm, a temática dos valores, do seu significado e alcance, há sempre quem diga que agora as coisas já não são o que eram; “que isso era dantes”; “hoje em dia é tudo muito diferente”; “não podemos ficar sempre arreigados às mesmas formas de ver e de encarar as coisas”; “há que estar actualizado”. Pois muito bem: então a honestidade, a capacidade de cumprir com as obrigações laborais, familiares, conjugais; a integridade moral; a rectidão de carácter, etc., não exigem do indivíduo, enquanto membro de uma comunidade, enquanto parte integrante da sociedade dos homens e mesmo enquanto consciência isolada que a si própria se perscruta, a mais completa e perfeita observância de um quadro de valores, cujos princípios, normas e substância se mantenham inalterados e inalteráveis na sua pureza intrinsecamente original?! Nós achamos que sim.

      O respeito pela vida humana, fundamentalmente nas pessoas das mulheres e das crianças... estamos a pensar na urgência em acabar com a violência doméstica -, a procura da paz, o desenvolvimento de atitudes e comportamentos tendentes a fomentar a harmonia no seio da comunidade dos homens e, num contexto mais lato, no âmbito da necessária coesão social.
 
         Hoje mesmo, sentimo-nos mais inclinados a discernir sobre um outro tipo de valores que, por arrasto, dizemos nós, têm sido desvirtuados, se tivermos presente aquilo que se passava nas nossas escolas, quer antes de Abril de 1974, quer nos primeiros anos depois desta data. A relação ensino aprendizagem processava-se no seio de um clima saudável de respeito pelo professor e de interesse pelas matérias explanadas. As excepções só confirmavam a regra. Parece-nos que com o andar das coisas e com as alterações artificialmente introduzidas pela “ditadura legalista” de um chuveiro terrível de legislação autenticamente produzida a metro, tudo viria a piorar, até porque os meninos passaram a ser vistos como um exército de anjinhos a quem nada se exige.

        Mais recentemente, os constrangimentos verificados prendem-se, fundamentalmente, com as dificuldades de articulação das múltiplas sensibilidades em presença nos actuais agrupamentos constituídos por autênticas multidões de alunos e professores, a significar uma complexa teia de mentalidades, racionalidades e interesses, muitas vezes em contraponto com o edifício potencial das sinergias que urge aproveitar, no sentido do desenvolvimento dos múltiplos talentos, nem sempre convergentes, quando o que importa é trilhar a senda do progresso técnico futuro.

      Torna-se difícil também a implementação de valores que visem a missão humana da educação e o seu alcance inabalável de solidariedade e de empatia; o valor do respeito pela nossa envolvência ecológica que importa equilibrar; o valor ainda da diversidade cultural e multi-étnica, por razões de paz e de convivência democrática.
 
      Hoje, mais do que nunca, importa operacionalizar uma “Educação para os Valores”, apoiada em estratégias de fundo, obviamente, que dotem a escola de privilégios socialmente aceites, nomeadamente no que toca à imperiosa reconstrução do perfil profissional e da imagem social do professor que, até ao momento, as tutelas se têm encarregado de esboroar; isto se quisermos que o contexto escolar se venha a tornar num alfobre de culturas e práticas de excelência, controladas e sustentadas pelo próprio sistema, no interesse de todos os outros sistemas que constituem o tecido nacional. Não digam depois que os não alertámos!

M.B.S.          Em 13 de Fevereiro de 2006




1 comentário:

  1. Meu querido
    Belo artigo,muito atual,numa altura(e já vem de longe) em que as pessoas se esquecem de que a liberdade que possuem acaba onde começa a liberdade do próximo. Morrem pessoas nas passadeiras,conduz-se a falar ao telemóvel,embriagado,sem carta,isto para não dar mais exemplos de quem não sabe que no dicionário existe a palavra «valores» e não a põe em prática.
    Diz J.S.Nobre:«Uma das coisas mais importantes no convívio da sociedade humana é a mútua compreensão.Se não houver essa compreensão entre as pessoas que frequentemente têm de se cruzar nos caminhos da vida,esta tornar-se-á difícil,o espírito de solidariedade não existirá e a caridade será despedida. É preciso que cada um vença as naturais dificuldades,faça um esforço maior e consiga ter aquela superioridade necessária para não só suportar mas compreender as diferenças alheias e conviver com elas.» E eu acrescento que isto tem de começar a ser inculcado às crianças desde o berço.E adianto:mas,por quem?
    Tal como te disse ,tenho uma colega que dinamiza a escola Augusto Gil através do teatro.Disse-lhe logo que tu também escrevias peças. O PORTO CANAL já se interessou por esta dinamização e eu,se pudesse,com a tua ajuda,dava-lhe uma mãozinha.Perguntou-me que disciplina leccionavas e eu disse-lhe que começaste no 1º ciclo,depois foste para a Associação Nacional de Professores,conversa para aqui,conversa para ali,acho que disse que a tua especialidade eram o português e o Inglês.
    Chama-se Elsa Guerreiro e o endereço eletrónico é elsaguerreiro@sapo.pt
    Quanto aos blogues,deves ter reparado que há quem tenha centenas de seguidores.
    Vou dar-te primeiro os da nossa amiga Manuela Barroso:
    wwwanjoazul.blogspot.com
    http://saboresdeanjoazul.blogspot.pt
    http://reflexõesfloridas.blogspot.pt
    Tenho uma amiga que,tenho a certeza de que gostaria muito que a visitasses http://lamentosdealma.blogspot.com
    E eu,que já te fiz muitos comentários,também fico à espera que comentes o dueto iniciado pela Manu,continuado por mim e concluído pela nossa amiga.
    Beijinhos da
    Mana

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